ASPECTOS GERAIS DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO RELAÇÕES BIOLÓGICAS E PSICOSSOCIAS

Resumo

Apesar de ser um termo associado automaticamente ao sexo feminino, à parturiente ou simplesmente à mãe, a depressão pós-parto tem alta incidência sobre os homens também e, ainda que, com características peculiares, as convergências desta psicopatologia em ambos os sexos atingem elevada representatividade, possui como sintomas principais o comum à depressão: melancolia, humor deprimido, vazio, aperto no peito, alteração no sono por perda ou excesso; indecisão, sensação de inutilidade, culpa e outros sintomas associados a pensamentos de desistência e morte. Estudos mais recentes acuram de maneira veemente para a descoberta de outros transtornos psiquiátricos emergentes no período crítico do risco da psicopatologia. Em 2015 a Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria publicou que se trata de um problema de saúde pública. Atinge também o desenvolvimento neurológico e psicológico da criança, visto que, nos primeiros anos de vida do bebê é fundamental que haja interação; que a mãe fale, expresse olhares, trabalhe respostas ao choro, opere em toques, cheiro e pele, pois ocorre nesse período a adequação das conexões neuronais. Não sendo, tal interação, feita de forma correta, a criança sofrerá de problemas fisiológicos bem como de problemas graves nos ambientes sociais. As mulheres têm uma ordem natural de fatores que contribuem para cuidados específicos quanto à depressão: o ciclo menstrual, as alterações hormonais, riscos de câncer, papeis sociais em mudança e alocação sob transformações conceituais, às vezes, violentas; responsabilidades outrora atribuídas aos homens, hoje cobradas das mulheres; e, a inoperância do sistema de apoio às atingidas. Em um tempo não muito distante não se acreditava em depressão pós-parto como uma patologia com fatores também biológicos, porém pesquisas avançadas demonstraram alteração significativa na anatomia do sistema nervoso e a diminuição do hipocampo. Foi constatado que os neurotransmissores relacionados com a depressão, serotonina e noradrenalina, passam por perda significativa no processo de receptação nas fendas sinápticas. É fundamental que avanços e novos estudos sejam feitos com apoio de pesquisas modernas e contundentes sobre a depressão pós-parto. Homens se abram à possibilidade do diagnóstico em tempo de tratamento sem maiores danos a si mesmos e à criança. Políticas de apoio, atendimento e acompanhamento das famílias no período “pré” e pós-natal, bem desenvolvidas com ação da comunidade científica, especialmente de psicólogos; vão modificar o quadro atual deste valor epidemiológico. O tema é um convite à reflexão sobre a mente social e a saúde mental desta mesma sociedade.