ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO AO ESTIGMA QUE CERCEIA O CUIDADO AOS OUVIDORES DE VOZES

Autores

  • Nathaly Ferraz Queiroz Silva Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF)

Palavras-chave:

Saúde Mental, Vozes, Estratégias de enfrentamento

Resumo

Experimentar a sensação de ter escutado alguém chamar seu nome mesmo sem ter ninguém por perto, é um fenômeno comum à todas as pessoas em algum momento da vida. No entanto, isso não significa a presença de algum transtorno psíquico. Ouvir vozes tem sido considerado pela psiquiatria clínica uma experiência que se refere a transtornos psicóticos, como por exemplo, alucinações auditivas, muito comuns em casos de esquizofrenia, causando quase sempre preconceito tanto por parte do próprio ouvinte, quanto por parte das pessoas que o cercam. No entanto, a perspectiva de Marius Romme, professor de psiquiatria social na Universidade de Limburg, refere que “a audição de vozes passa a ser vista como um fenómeno do funcionamento “normal” do sujeito, podendo ter variados significados para quem o experiencia” (apud PIMENTEL, 2018, p. v). Diferente do que se escuta através do sentido audição, as vozes a que nos referimos, não surgem apenas por causas físicas, mas também por causas psicológicas, que podem decorrer de fatores subjetivos do passado ou mesmo do dia a dia do indivíduo. Existem diversas maneiras de se ouvir vozes. Podendo ser uma ou mais vozes que podem falar com você ou sobre você, representando figuras com idades e/ou gêneros diferentes, conteúdos diferentes. Ouvir vozes, pode apresentar fatores positivos (de apoio), sendo esses os fatores que não causam perturbações ao indivíduo, ou negativos, tornando os ouvidores incapazes de realizar atividades rotineiras. Espera-se que a partir da conscientização de que, apesar de as vozes serem intrusivas, é possível lidar com elas a partir do momento em que o sujeito consegue entendê-las e organizá-las, para isso é extremamente útil que pessoas que trabalham na área de saúde mental, possam aceitar a experiência do ouvinte junto com ele, tentando compreender as diversas linguagens utilizadas pelas vozes, estando atentos para as mensagens que elas trazem e considerando ajudar o indivíduo a se comunicar com as vozes. Sendo isso possível a partir de algumas estratégias para o enfrentamento do estigma que envolve o fato de ouvir vozes, através, principalmente, da criação de espaços que favoreçam a discussão entre ouvidores de vozes, familiares e amigos sobre a ocorrência de vozes contribuindo para o aumento da autoconfiança e libertação do isolamento provocado pela não aceitação das vozes por parte dos ouvidores e não compreensão de comportamentos por parte daqueles que convivem com pessoas que experimentam o fenômeno “ouvir vozes”.

Publicado

2019-11-10