ADOLESCER E O IMPACTO DA MÍDIA OBRE VISÃO DE SI E A AUTOIMAGEM
Palavras-chave:
Adolescência, imagem corporal, distorções cognitivas, mídiasResumo
A adolescência é uma fase de transição e adaptação na qual o jovem está passando por grandes mudanças, não só físicas como sociais, onde se vê descobrindo novos grupos e aspectos do mundo que antes eram desconhecidos e muitas vezes acaba influenciado, seja por outros, pela sociedade ou pela mídia, tal influência mesmo que não seja notada pelo indivíduo pode acabar por acarretar distúrbios que venham a exercer impacto direto na forma como estes jovens se veem no decorrer das suas vidas. Nesse sentido, o principal foco desse estudo é fazer uma reflexão sobre como essa visão do outro (como o adolescente percebe com é visto pelo outro) pode se relacionar com aspectos influenciam na autoimagem e que levam ao desenvolvimento de transtornos alimentares.
Segundo a Terapia cognitivo comportamental, abordagem desenvolvida por Aaron T. Beck, o modelo cognitivo pauta-se na hipótese de que as emoções e os comportamentos de uma pessoa são influenciados pelas percepções que ela possui dos eventos (Beck, 2014, p. 55). A tríade cognitiva é um dos pressupostos mais importantes da TCC. Ela representa as três perspectivas que guiam a construção dos pensamentos automáticos dos indivíduos e registram as diferentes distorções cognitivas que podem ser desenvolvidas ao longo da vida. A maioria dos pensamentos e sentimentos negativos que temos podem ser distorções cognitivas. Distorções cognitivas podem ser caracterizadas como maneiras que a nossa mente encontra para convencer-nos que algo nunca está bem. Esses pensamentos surgem para reforçar algum acontecimento e emoções negativas.
A imagem corporal é aquela que construímos sobre nosso corpo com base no que vemos, na visão do outro e dos ideais que nossa cultura estabelece, com base nesses fatores aprendemos avaliar nossos corpos. Ela cumpre um papel importante na consciência de si, se a percepção do corpo é positiva a autoimagem será positiva, e se há satisfação com a imagem do seu corpo, a autoestima será melhor.
Na atualidade percebe-se um aumento da insatisfação com o próprio corpo, principalmente por parte dos jovens. A imagem corporal é compreendida como a “figuração de nosso corpo formada em nossa mente”. A preocupação com a imagem corporal e distorção na percepção da mesma pode provocar modificações de hábitos alimentares e outros comportamentos e atitudes. Em certa medida essas modificações podem ser saudáveis, abrandam desconfortos e elevam a auto estima; porém quando ultrapassam os limites do saudáveis compromete o equilíbrio cognitivo, afetivo e comportamental, desencadeando problemas como transtorno dismórfico corporal, alimentares e/ou outros.
Segundo Legnani (2012), o grande valor dos estudos sobre imagem corporal e distúrbios alimentares está em conexão com o desenvolvimento da identidade e pode ser um ponto determinante das relações de si com o mundo. Compreende-se que há um maior risco de transtorno alimentar e de insatisfação com a imagem corporal entre as adolescentes e que esses sofrem grande influência cultural e histórica. A mídia, assim como as redes sociais, acaba por influenciar na maneira como pessoas se alimentam, se percebem e aceitam de sua forma física. A mídia influencia na concepção de normas, comportamento e padrões de beleza, ligadas à indústria do corpo.
Os meios de comunicação social podem ter profunda influência na formação da imagem corporal perfeita. Os adultos têm dificuldade em lidar com essas imposições estéticas, as quais para adolescentes tornam-se padrões e exemplos a serem seguidos.
Entende-se, portanto, que desenvolvimento da percepção corporal está estritamente ligado ao contexto ao qual se está inserido, assim como ao modo de interação social e às mensagens que circulam nas relações. A cultura colabora significativamente com modelos que acabam sendo adotados pela maioria das pessoas, que em seus processos de interação, de forma verbal ou não verbal, vão construindo a percepção de si mesmas, mediada por diversos fatores, entre eles o afeto circulante no grupo e relações sociais.