A DESIGUALDADE SOCIAL NO ÂMBITO DO TRABALHO: A DISCRIMINAÇÃO RACIAL SOB A ÓTICA DO FILME “HOMENS DE HONRA”
Resumo
Introdução: O As discussões acerca da desigualdade social são renovadas diariamente no Brasil desde que as classes mais oprimidas puderam se manifestar. A força motriz que lhe dá continuidade se apoia em diversos fatores sociais, políticos, econômicos e culturais. Com essência divisora, a desigualdade social se perfaz na criação de classes sociais, isso não apenas para fins de avaliação técnica, tendo efeitos prejudiciais na realidade. Discrepância de salários, escassez dos serviços básicos e miséria são alguns dos resultados práticos. Nessa senda, a discriminação racial, ao excluir indivíduos de determinados setores e criar empecilhos para ascensão social com base na origem étnica e cultural, significa, em muitos casos, a manutenção de um status inferiorizado dessas pessoas, o que redunda, a curto e longo prazo, na propagação do fenômeno da desigualdade social. Por conseguinte, analisar a razoável probabilidade de nexo entre tais fenômenos é necessário para que, cada vez mais, se compreendam as peças que dão funcionamento ao maquinário da diferenciação social e, assim, criar mecanismos mais adequados e objetivos de combate. Para aferir tal convergência, mister se faz o uso de um leque com diversos tipos de fontes do conhecimento, como as bibliografias, os dados estatísticos observados em pesquisas. Outrossim, o filme “homens de honra”, por ter script semelhante ao que objetiva o trabalho, foi utilizado como meio de dissecação para fins de comparação entre a teoria e o que acontece na prática. Ademais, importa mencionar que, assim como na história do protagonista, significativos avanços de cunho igualitário estavam presentes, ao que a intriga do ódio respondeu e responde com outros meios capazes de gerar os mesmos danos de outrora. Por fim, serão tecidos comentários acerca da importância de serem efetuados todos os direitos e garantias fundamentais que são atacados pelas práticas discriminatórias, além do levantamento das ferramentas legislativas de combate a tais ações. Procedimentos aplicados: Dado que o presente artigo é oriundo do projeto Cine Jurídico, faz se mister informar que existiu um debate pautado nas discussões levantadas acima antes do artigo ser produzido. Este por sua vez tem sua produção fincada nas orientações científicas arroladas pelo projeto e, em específico, no uso de informações de relevo histórico e jurídico extraídas de livros, pesquisas e notícias. Marco teórico: A desigualdade per si representa um estado injusto de discrepâncias não se limitam a determinados âmbitos, produzindo efeitos em diversos setores, como o do trabalho. A problemática se agrava pelo fato de que este é um caminho de ascensão, se não o único, para os que estão em situação de vulnerabilidade e quando se coloca mais um tipo de barreira - discriminatória no caso - se perpetua a situação de desigualdade. Para averiguar como tais influências acontecem e como dificultam um cenário de maior equidade, o marco teórico foi fundamentado no contraste de dados e informações oriundos de estudos e contribuições sociais e políticas de renomados personagens. Objetivo geral: Investigar como a discriminação racial nos empregos é umas das forças mantenedoras da desigualdade social. Objetivos específicos: Avaliar os escopos conceituais e sociológicos dos institutos da desiguldade social e descriminação racial; analisar discriminação racial nos trabalhos e se existe um vínculo entre tais questões com a reprodução da desiguldade. Metodologia: Pesquisa de cunho qualitativo e bibliográfica visto que fez uso de informações obtidas através de livros, artigos científicos e outras produções de conhecimento além do uso do filme “Homens de Honra” como base prática para facilitar a compreensão das questões levantadas. Resultados observados: Baseado no ora analisado no corpo deste estudo, subentende-se que a discriminação racial foi e ainda é responsável, mesmo que de forma indireta ou encoberta, para configuração da desigualdade social no Brasil, visto que, como demonstram os números, boa parte do contingente daqueles que vivem em condições precárias tem sua origem étnica naqueles que outrora suportaram o peso da escravidão. Como enfatizado, uma das situações de discriminação que mais impedem a ascensão de tais cidadãos é aquela oriunda dos postos de trabalho. Quando não se oferecem empregos e condições de crescimento de maneira igualitária – como no filme analisado – redunda-se na permanência da desigualdade social, pois o fruto do trabalho é necessário para sobrevivência na sociedade contemporânea, até porque, não raras vezes, o estado é ineficaz na prestação dos serviços básicos. E se, de um lado, ao lembrarmos da história, um sorriso pode ser esboçado pelos constantes avanços e conquistas na luta pela igualdade racial, do outro lado, não se deve contentar com o atual estágio, pois as atuais formas de discriminação racial devem ser expurgadas da seara social sob pena de continuarem atacando e fazendo vítimas silenciosamente. A fala supramencionada do atual presidente do STF bem se adequa a realidade atual, haja vista que ainda persistem os traços da discriminação racial no Brasil fruto de uma exclusão histórica de determinados grupos, surgindo a necessidade de ações afirmativas por parte do poder público. Para se combater o racismo, é preciso entender e aceitar que tal preconceito está em cada um de nós e não apenas no outro - em decorrência de uma sociedade histórica que tinha o racismo como algo natural. A própria sociedade impõe às crianças pensamentos racistas com a percepção de que negros são inferiores, fruto da herança tupiniquim. Destarte, não adianta apenas movimentar o legislativo para instaurar leis e acreditar que tudo será resolvido de forma simples, que não vai. É preciso um conjunto de atitudes. Conforme Caroline de Moraes, é importante a união dos cidadãos para levar tais questões aos poderes políticos, de modo que o ensino educacional faça com que toda a produção intelectual e global, em todas as camadas, possa engajar o antirracismo. Pois, como afirmou o célebre Nelson Mandela “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”.
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