RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO ESTRACURRICULAR EM PSICOLOGIA NO ATENDIMENTO AMBULATORIAL
Resumo
Introdução: o projeto de extensão se desenvolveu na instituição Centro de Saúde Aníbal Lustosa Roriz (CESPE), situada na cidade de Belém do São Francisco-PE, na modalidade de atendimento psicológico ambulatorial com a preceptora no CESPE, a docente Nathaly Ferraz da instituição FACESF situada na cidade já citada acima. Eu, Cristiane Conceição, iniciei o estágio extracurricular na área de Psicologia no atendimento ambulatorial no ano de 2019, mais precisamente no mês de Julho e finalizou no mês de março de 2020, na quarta-feira e quinta-feira eram realizadas as atividades de plantão, psicoterapia e atendimento em grupo, mas em algumas segundas-feiras ocorreria a psicoeducação, e isso se justifica devido no espaço se fazer presente um público maior porque frequentavam o atendimento psiquiátrico. É importante ressaltar que além desta havia outra discente realizando atividades no CESPE, sob a mesma orientação. Marco teórico: Inicialmente realizei o processo de organização dos encaminhamentos recebidos pela instituição que eram voltados para o atendimento psicológico, de modo que desde o ano de 2016 que havia uma lista de espera de indivíduos para serem atendidos e a razão para a demanda ser alta diz respeito ao fato de que havia apenas duas psicólogas para assistir a cidade inteira, pois esse era o único serviço público que possuía essas profissionais. Os encaminhamentos foram organizados em grupos de formas de adoecimento psicológico e levando em consideração os encaminhamentos mais antigos para os mais recentes, pois dessa forma aqueles que já estavam esperando a mais tempo poderiam ser assistidos primeiro. Após ser finalizado esse processo, iniciaram-se os plantões psicológicos e depois os atendimentos psicoterápicos e as terapias de grupo. Durante o processo de organização, também ocorreram momentos de psicoeducação a respeito do Transtorno Depressivo no período do mês de setembro de 2019. Objetivos: o estágio buscou desenvolver a discente de forma profissional na área a partir da experiência com o atendimento por meio de plantões, psicoterapia, psicoeducação, e terapia de grupo; compreender a realidade do atendimento público e seus desafios e assistir a população que se encontrava em espera. Metodologia: as orientações ocorriam diariamente pela preceptora de estágio Nathaly Ferraz e na FACESF o professor Luiz Araújo contribuía com a supervisão, realizada sempre na sexta-feira. Cada atividade desempenhada iniciava com um número pequeno de indivíduos: os plantões iniciaram com dois pacientes e gradativamente foi aumentando o número ao passo que a estagiária se encontrava apta para lidar com as demandas, e dessa forma também ocorreu a psicoterapia. O plantão durou em torno de dois meses, e os atendimentos tinham um número limitado de sessões, ou seja, poderiam ocorrer com o paciente até cinco sessões. Durante os plantões deveria ser observado se a demanda poderia ser solucionada apenas com os plantões ou se havia a necessidade de psicoterapia. As psicoterapias duraram até o mês de março e foram paradas em razão do período pandêmico, porém apenas inicialmente realizei atendimentos infantis por que com a chegada da outra estagiária foi possível dividir as faixas etárias. Sendo assim, realizava o atendimento de adolescentes, adultos e idosos, e a outra discente realizava atendimento infantil e com adolescentes. E a respeito da terapia de grupo, esse trabalho se desenvolveu apenas com pessoas que apresentavam transtornos de ansiedade e transtornos depressivos, no grupo de ansiedade eu era a mediadora e no grupo de depressão a outra estagiária seria a mediadora, porém esse grupo terapêutico não ocorreu em razão do tempo que foi limitado no sentido de ser necessário mais tempo para organizar o mesmo e contatar os pacientes. Procedimentos aplicados: o plantão inicialmente ocorreu com pacientes ansiosos, que formavam um dos grupos referente a organização dos encaminhamentos, e após o agendamento do processo, o mesmo sempre ocorria com a realização da anamnese para colher os dados pessoais do paciente. A psicoterapia, o plantão e a terapia de grupo eram voltados para a abordagem da Gestalt-terapia, pois o meu interesse se encontrava em adquirir conhecimento nessa abordagem e consequentemente a preceptora fazia o uso da mesma. Para a terapia de grupo eram identificados os pacientes que se encontravam aptos para serem acompanhados em grupo e isso era observado no plantão psicológico. A terapia de grupo ocorria nos fundos da instituição por que a mesma não possuía sala para atendimento em grupo e não haviam recursos direcionados para a estruturação de um espaço para essa atividade, e eram usadas cadeiras de plástico e alguns materiais que eram determinados por meio das tarefas a serem feitas com os participantes. Resultados observados: a população aderiu bem a minha presença de maneira que não se sentiam desconfortáveis ou inseguros por estarem sendo atendidos por uma estagiária, os profissionais do espaço não realizam um trabalho interdisciplinar e apenas um profissional da área de nutrição realizava o contato dessa maneira, e por os atendimentos ocorriam de maneira isolada, apenas com o atendimento psicológico. A coordenação da instituição aprecia o trabalho, mas não apresentava muita abertura e adesão para as atividades no sentido de contribuir com recursos para que fossem realizados, e foi possível compreender que o serviço de psicologia não era visto como algo essencial para a população e também pela população, a qual muitas vezes excitava em buscar atendimento, se manter frequentando as sessões e a seguir as orientações. Considerações finais: o atendimento psicológico na cidade não é visto como fundamental, e consequentemente tem se um número alto de pessoas adoecidas psicologicamente, e isso é possível perceber tanto no discurso das pessoas como nas atitudes dos gestores do município que valorizam muito o atendimento médico apenas. O fator que corrobora com isso seria a falta de informação sobre como ocorre o atendimento psicológico e quando fazer o uso desse serviço, pois a visão da população é de que “Só vai ao psicólogo doidos”, e essa visão é limitada e ultrapassada. Com uma ótica voltada para esse discurso contribui muito para apenas a busca desse profissional ocorrer apenas quando se tem a tentativa de suicídio, automutilação ou perda da lucidez. A instituição pouco favorecia a realização das tarefas necessárias e com isso não havia o apoio, pois o pouco que se conseguia era com muito esforço e luta, e ainda assim em muitos casos acabávamos tendo que financiar os recursos precisos. Ao se manter nessa realidade acabamos tendo muito prejuízo por que essas atitudes promovem mais adoecimento mental e infelizmente além do prejuízo mental, acaba se tendo um alto índice de suicídio. Diante disso, é fundamental o desenvolvimento de mais politicas públicas que ofertem serviços com a assistência psicológica, e também implementar nos espaços, como as Unidades de Saúde Básica e o Hospital, o profissional psicólogo.
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