RACISMO, NECROPOLÍTICA E LIBERALISMO: UMA ANÁLISE CRÍTICA DISCURSIVA (ADC) DO JARGÃO ‘BANDIDO É BANDIDO MORTO’ EM FALAS PROFERIDAS POR AGENTES POLÍTICOS.

Autores

  • Pedro Victor Ferreira Cavalcante Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF)

Resumo

Contextualização: A presente pesquisa emerge de um cenário onde agentes políticos, têm cada vez mais utilizado discursos sobre a morte e vilipêndio de direitos fundamentais de iniciados, processados, condenados ou apenados como forma de angariar popularidade entre a população, com possíveis prejuízos ao correto funcionamento da democracia e a construção de seus princípios essenciais. Problema da pesquisa: Como os fenômenos do racismo estrutural, da necropolítica e da ideologia criam a figura do indivíduo merecedor de expurgo, a qual é difundida por agentes políticos e seu comprometimento a construção de uma cultura de princípios implicitamente reconhecidos? Objetivos específicos: 1.) conceituar racismo estrutural e necropolítica a partir de Silvio Almeida (2021) e ideologia através de Thompson (2011); 2) utilizar a criminologia crítica a partir de Vera Malagutti Batista (2021) para desenvolver como o racismo cria a figura do criminoso merecedor de eliminação social 3) conceituar “cultura política de princípios implicitamente reconhecidos, a partir dos escritos de John Rawls (2011) 4) apontar o processo de manipulação ideológica dos discursos proferidos por agentes políticos e como ele prejudica a formação de uma cultura pública de princípios democráticos implicitamente reconhecidos. Método: O estudo se configura como uma pesquisa qualitativa-descritiva, do tipo documental. Na fase de coleta de dados, a análise recai sobre falas proferidas em redes sociais ou entrevistas concedidas a imprensa por agentes políticos com mandados exercidos desde o início da atual legislatura do Presidente da República  (2019-2022), referentes a expressões emitidas pelo próprio Chefe do Executivo Federal e parlamentares federais politicamente alinhados com o presidente, utilizando como critério de inclusão falas iguais ou inspiradas no jargão ‘bandido bom é bandido morto’, adotando-se como método de análise a Análise Crítica do Discurso (ADC), por meio das categorias analíticas da interdiscursividade e da função identitária no discurso, além da verificação dos modos de operação ideológicos. Fundamentação teórica: Segundo Silvio Almeida (2021) o racismo estrutural representa um processo histórico e político que cria a condições necessárias para que direta ou indiretamente pessoas negras sejam submetidas a segregação sistêmica, sobretudo a morte através daquilo que Achillie Mbembe (2018) define como necropolítica ou necropoder, onde determinadas populações são marcadas para morrer, seja mediante ações diretas do Estado para sacrifica-las ou omissões quanto a seus direitos básicos, tudo isso consubstanciado graças ao método ideológico do expurgo do outro, que através do racismo encontra na pessoa do indivíduo negro, constantemente criminalizado, o método para sua materialização; incentivada por discursos políticos que carregam o apoio da massa popular e prejudica a criação de uma cultura política de princípios democráticos implicitamente reconhecido nas concepções de bem de cada cidadão;  Resultados esperados: A criação, através do racismo, da figura do indivíduo merecedor de segregação e violação de direitos, o qual, encontra na necropolítica a forma de traçar planos para morte de tais pessoas consideradas ideologicamente como inimigas comuns a serem combatidas devido a sua criminalização por discursos como aqueles proferidos através do ‘bandido bom é bandido morto’; muito difundido por agentes políticos com mandados em exercício, o que, em vez de fortalecer a criação de uma cultura de princípios democráticos como assevera Rawls (2011), auxilia na segregação e genocídio da população preta brasileira.

Publicado

2021-11-10

Como Citar

Cavalcante, P. V. F. . (2021). RACISMO, NECROPOLÍTICA E LIBERALISMO: UMA ANÁLISE CRÍTICA DISCURSIVA (ADC) DO JARGÃO ‘BANDIDO É BANDIDO MORTO’ EM FALAS PROFERIDAS POR AGENTES POLÍTICOS . Fórum Regional De Pesquisa E Intervenção (FOR-PEI), (3). Recuperado de https://periodicosfacesf.com.br/index.php/FOR-PEI/article/view/225

Edição

Seção

GT1: PESQUISAS TEÓRICAS E EMPÍRICAS EM CIÊNCIAS SOCIAIS E PENSAMENTO CRÍTICO