CIDADANIA, MAQUIAGEM VERDE E TEORIAS DECOLONIAIS

ANÁLISE CRÍTICA DE DISCURSO (ADC) DE NOTA DOS SERVIDORES PÚBLICOS EM RELAÇÃO AO DESMONTE DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

Resumo

Introdução: A prática de ‘maquiagem verde’ que vinha sendo muito denunciada em empresas privadas, começou a ser apreendida também nas organizações públicas. Autores associam a ideia de narcisismo nacional à necessidade de passar uma imagem pró-ambiental da nação, como uma resposta às crescentes demandas por um desenvolvimento sustentável. Entretanto, a ausência de um interesse genuíno na questão pode ocultar diretamente aspectos e setores econômicos, momento em que os agentes políticos apostam em ideias que parecem trazer ações ecológicas, mas não se traduzem em melhorias reais, apenas maquiando suas intenções verdadeiras. O presente estudo concentra-se na análise de nota publicada por servidores públicos denunciando tal prática referente ao Ministério do Meio Ambiente vinculado à gestão federal brasileira (2019-2022). Objetivo geral: discutir o discurso de servidores públicos federais em relação à denúncia de prática de ‘maquiagem verde’ praticada por gestor público e as implicações jurídicas cidadãs a partir das teorias (de)coloniais. Objetivos específicos: 1. expor o contexto sociopolítico formado a partir da modernidade e da colonialidade; 2. descrever a prática de maquiagem verde, ideologia e cidadania; 3. identificar o discurso em nota publicada por servidores do Ministério do Meio Ambiente; 4. correlacionar os dados obtidos com os construtos teóricos das teorias decoloniais e da cidadania. Método: o presente estudo de abordagem qualitativa, tem propósito descritivo e, tipologicamente, se configura como estudo de caso. Na fase de procedimento de coleta selecionou-se a ‘Nota dos servidores do MMA sobre mais uma reestruturação do Ministério do Meio Ambiente’ publicada em meio digital. Para a fase de análise dos dados adotou-se a Análise Crítica de Discurso (ACD) por Viviane Resende e Viviane Vieira, a partir da perspectiva de Norman Fairclough. Resultados esperados: O termo ‘maquiagem verde’ vem do verbete greenwashing que, conforme a definição do Concise Oxford English Dictionary, se refere à disseminação de desinformações por uma organização com o intuito de passar uma imagem pública ambientalmente responsável, mas que pode ser percebida como infundada ou intencionalmente enganosa. As reiteradas ações do Ministro do Meio Ambiente em relação à estrutura e funcionamento da pasta criticada tanto externa, como internamente, deu força à manifestação do corpo efetivo do Ministério. Enquanto o gestor recorreu-se ideologicamente da prática de ‘maquiagem verde’, os servidores identificaram o processo e comunicaram a sociedade através da nota. O discurso da nota tem potencial de demonstrar o processo de colonialidade, por exemplo, ao denunciar a prática do gestor em retirar as atribuições do ICMBio e concentrá-las em uma nova pasta no Ministério, como também a prática de maquiagem verde que produz o esvaziamento das iniciativas e ações em prol do meio ambiente enquanto favorece uma agenda política e, ainda como uma forma de concentração do poder, na subalternização dos servidores especialistas em meio ambiente, além do processo de alienação através da desinformação veiculada, causando impactos administrativos, ambientais, políticos e na efetividade de uma prática cidadã.