ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO: INTERVALO DE POSSIBILIDADES ENTRE A EPISTEMOLOGIA (DE)COLONIAL E A SUPERAÇÃO DO PENSAMENTO ABISSAL NA PRÁTICA DAS MESTRAS DE REISADOS NO SERTÃO DE PERNAMBUCO.
Palavras-chave:
Reisado. Teorias Decoloniais. Pensamento de Fronteira.Resumo
Introdução: As manifestações populares consistem num conjunto de saberes e práticas, que se perpetua pela transmissão oral, o “brinquedo” interage com o meio no qual se insere, prática que possibilita a construção de sentidos e significados, e a ressignificação da tradição. A forma de expressão do Reisado reproduz a história de seus sujeitos, através da representação e reescrita de suas trajetórias humanas, que perpassam as tradições. O Reisado, portanto reúne passado e presente através das memórias de seus atores sociais que encontram no “brinquedo popular” a liberdade para narrar (a seu modo) suas histórias (e a de seus antepassados) suas vivências, criando e recriando identidades como sujeitos brasileiros. Objetivo geral: discutir de que maneira o Reisado possui relação com a epistemologia decolonial e assim contribui para a possibilidade de superação do pensamento abissal. Objetivos específicos: 1) apresentar os elementos que configuram a epistemologia decolonial a partir de Mignolo; 2) identificar o conteúdo da entrevista da Mestra de Reisado, por meio da Análise Crítica do Discurso; relacionar a entrevista da Mestra de Reisado Maria Senhora com a definição do pensamento de fronteira e interseccionalidade; 3) analisar o conteúdo discursivo presente na entrevista a partir das teorias decoloniais de Anibal Quijano, Walter Mignolo e Boaventura de Souza Santos. Método: o estudo se caracteriza como qualitativo, sendo adotado como critério de inclusão na fase de coleta o Videocast Redemoinhos - Cenas Ribeirinhas - EP com Maria Senhora da Cia Biruta de Teatro. Adotando como procedimento de análise a análise de discurso crítica (ADC) na perspectiva de Norman Fairclough. Resultados parciais: Conforme o Inventário Nacional de Referências Culturais, os Reisados representam a identidade, a ação (e reação) e memória de uma classe social (ou grupo social) em diversos espaços de tempo e lugar. Ao longo da história, representou a cultura dos trabalhadores da área rural, descendentes africanos, homens e mulheres que foram sistematicamente excluídos do projeto de construção de uma nação brasileira, ideal forjado pela sociedade patriarcal, agrária e escravista que impôs sua cultura e anseios na formação do Estado Nacional. Há na tradição um vinculo entre as trajetórias de vida, percalços, dificuldades socioeconômicas, e a formação da continuidade, e da preservação do Reisado enquanto bem cultural. No processo de reflexão para construção dos elementos que configuram o pensamento de fronteira, Mignolo (2010) defende que é necessário um giro decolonial, a fim de emancipar o subalterno. Nesse aspecto, faz-se necessário analisar quais elementos surgem através do videocast, próprio campo de fala dos marginalizados, reconhecidos pelo saber popular, enquanto mestres, guardiões de suas memórias.
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