DISCURSOS POLÍTICOS BRASILEIROS DESVELADOS ATRAVÉS DOS MODOS DE OPERAÇÃO IDEOLOGICA

A CONVENIÊNCIA DA EUFEMIZAÇÃO EM RELAÇÃO AOS ESTADOS DE EXCEÇÃO

Resumo

Introdução: O presente estudo delimita como objeto de análise os recentes incidentes de discursos eufemizadores de estados de exceção nas falas de algumas personalidades centrais na política brasileira. O problema de pesquisa é identificado na justificação e minimização através da prática de discursos sobre processos internacionais de violações de direitos humanos através dos estados de exceções. O objeto de análise será constituído por oito pronunciamentos de quatro personalidades políticas brasileiras: 1) Eduardo Nantes Bolsonaro; 2) Jair Messias Bolsonaro; 3) Gleisi Helena Hoffmann; 4) Luiz Inácio Lula da Silva. Objetivo geral: identificar os elementos discursivos a partir da ordem do discurso (gênero, discusividade e estilo) utilizados para negação de estados de exceção e suas evidentes violações a direitos humanos. Objetivos específicos: 1) Analisar os elementos discursivos presentes na fala de quatro personalidades centrais na política brasileira, nos espectros de direita e esquerda, a respeito de dois processos ditatoriais: o Brasil de 1964 e a Venezuela de 2010; 2) Analisar os elementos de articulação ideológica que corroboram a veiculação ideológica do discurso; 3) Discutir os elementos identificados nos pronunciamentos que naturalizam os fenômenos de Autoritarismo e de Populismo no Brasil pós 1988, a partir do discurso político. Método: essa pesquisa se configura como qualitativa empírica, adotando como critérios de inclusão na fase de coleta do objeto de análise: 1) a escolha de personalidades políticas brasileiras centrais nas perspectivas ideológicas de direita e de esquerda; 2) a escolha de discursos que tratem da temática ditatorial no Brasil de 1964 e na Venezuela de 2010. Para o procedimento de analise elegeu-se a análise de discurso na perspectiva de Fairclough ancorada nos modos de operação ideológica de Thompson, para validação dos resultados optou-se pela aplicação da técnica de triangulação teórica na perspectiva de Apostolidis e Minayo. Resultados Parciais: Considerando as subcategorias da Ordem do Discurso, da ADC, identificou-se, em dois momentos distintos, a presença de contradições nos discursos de 4 personagens protagonistas da política brasileira, 2 de Direita, e 2 de esquerda, em  8 discursos distintos. No primeiro momento, analisou-se os discursos a respeito da ditadura venezuelana emergida na presente década, e no segundo momento, os discursos sobre a ditadura brasileira de 1964. A ação/relação dada no discurso revela, na subcategoria Gênero, as ditaduras como “auto determinação do povo” à sociedade, quando lhes favoráveis ao discurso, e horrendas quando lhes contrárias ao discurso.  Notou-se uma convergência, na subcategoria Discursividade, de palavras atenuantes quando a ditadura citada fazia referência a governos simpatizantes politicamente ao discurso do falante, e extrema condenação quando a ditadura era favorável ao opositor político, sendo a representação de elementos claramente diferente. As identificações, presentes na subcategoria Estilo, foram notoriamente diferentes quando favoreciam o discurso político, do que quando o tornavam menos atrativo, identificando ora como exemplo de “democracia”, ora como exemplo de ”período autoritário”. Nota-se assim, que a ainda o uso de elementos ideológicos, que mecanizam os discursos, ora eufemizando, ora convenientemente condenando, de acordo com a narrativa política analisada.