A INTERDISCIPLINARIDADE NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL I DA CIDADE DE SALGUEIRO-PE
Resumo
Os Centros de Atenção Psicossocial - CAPS são equipamentos do Sistema Único de Saúde - SUS que surgiram para redirecionar o modelo assistencial em saúde mental segundo a portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002 (BRASIL, 2002). Tendo como finalidade assistir às pessoas que possuem transtornos mentais, o CAPS rompe com o modelo asilar, sendo um produto de movimentos sociais em favor da Reforma Psiquiátrica e tem como objetivo acolher e atender usuários em estado grave. A interdisciplinaridade dos CAPS é um dos pontos-chaves do atendimento ao usuário. A equipe trabalha em conjunto desde o processo de triagem e acolhimento; passando pelo processo do cuidado ao paciente, que pode ser atendimento psicológico, oficinas terapêuticas, consultas médicas com especialistas, acompanhamento social, visita domiciliar e familiar, bem como recebimento de medicamentos até o processo de alta. A produção do Projeto Terapêutico Singular, sendo a elaboração de estratégias terapêuticas em equipe construídas com o próprio sujeito, é uma mostra da interdisciplinaridade na rede de atenção à saúde mental. Sua elaboração conta com o diagnóstico da doença, a situação socioeconômica e a disponibilidade de horário do sujeito para comparecer ao equipamento para o devido tratamento, e em casos extraordinários é realizado o encaminhamento para outros serviços da rede, tais como outros dispositivos da saúde e da assistência social. É no trabalho interdisciplinar no campo da saúde mental que áreas como a assistência social, enfermagem, psicologia, psiquiatria, educação financeira, dentre outras, dialogam entre si para articular ações que efetivem o tratamento. Sobre a interdisciplinaridade Milhomem & Oliveira (2007, p. 105) citam que “... esse projeto sinaliza a integração da equipe, na medida em que se constitui como um eixo em torno do qual se organiza a dinâmica”. A gestão da aplicabilidade das áreas e suas interligações tendo como fim a melhora da qualidade de vida do paciente é um dos princípios básicos que tornam os CAPS um modelo promissor de atendimento ao sujeito com transtorno mental. Milhomem & Oliveira (2007, p.105) referem que “Nos CAPS todos os agentes e meios necessitam ser coordenados para a finalidade de transformar o ‘objeto’ de trabalho, os usuários do CAPS, realizando a reabilitação psicossocial.” Este relato é produto de um recorte de estágio extracurricular em andamento no Centro de Atenção Psicossocial I do município de Salgueiro – Pernambuco, que tem como objetivo delinear conhecimento empírico na área da saúde mental e intervenção social além de empregar, bem como agregar a teoria à prática, conhecer a prática interdisplicinar nos CAPS e sua importância para realizar um cuidado íntegro para o usuário. Para elaboração do material foram realizadas observação e coleta de referências teóricas na internet e na legislação vigente. O trabalho em equipe nos CAPS é uma das principais medidas que confirmam a substituição do modelo asilar, não estando os saberes e as práticas centradas no conhecimento médico. As relações no ambiente profissional construídas de modo integrado geram um tratamento dinâmico e eficiente construído a partir de um campo de visão vasto que perpassa por saberes psicológicos, da assistência social, da enfermagem, do saber psiquiátrico, entre outras áreas. A experiência de estar em contato com a psicologia na prática, somada ao conhecimento empírico da multifatorialidade do adoecimento e do processo de ressignificação do transtorno, instiga não só meramente a experiência acadêmica, mas também a vida profissional que está em formação. Enriquecedora nos detalhes e construção de saberes que não incluem somente a psicologia, mas é consoante às outras ciências que solidificam um saber integral. A forma como a equipe de trabalho observa os usuários e toma atitudes interventivas em conjunto, como a realização ampliada de contato com as famílias e os usuários, a conscientização de saber em qual momento a prática de outro profissional é mais necessária naquele momento e a forma como os profissionais ensinam aos estagiários questões que perpassam sua área de estudo, é fonte de conhecimento ampliado. Os estagiários podem acompanhar a prática de outros profissionais além de seus respectivos orientadores, como é o caso da interface psicologia e assistência social em intervenção à família, e a prática psiquiátrica e psicológica, em que os profissionais dialogam para elaborar diagnósticos. Observar a interdisciplinaridade na prática, construir um senso de identificar a importância da integração de áreas e a orientação para um cuidado efetivo ao usuário.
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